terça-feira, 30 de novembro de 2010

Perguntar é pecado?

Escrevi esse poema que apresentarei a seguir de nome "Digo", quando eu tinha 19 anos de idade e hoje numa aula bastante interessante (apesar do meu cansaço querer me vencer naquele momento) sobre o estudo da emoção e motivação  na psicologia. Lembrei-me sem motivo aparente do que escrevi e de certa forma veio-me a tona o sentimento da época, só que dessa vez, com motivo explícito...

Penso que meu momento de perguntar como poderá ser percebido teve duração além infância. A certeza talvez tenha me ignorado, talvez. Duas pessoas que tenho grande consideração o leram na época. Minha amiga, estudante e a mãe de um amigo, historiadora e ainda morro de vergonha por ter me exposto, apesar de elas terem gostado, essa mais que a outra, mas não pude deixar de perceber em   conversas futuras perguntas desconfiadas referentes ao poema como se eu tivesse a intenção de menosprezar, desinibir paradigma obscuro.  Não interpretarei o  poema, pois não acho correto privá-los desse exercício particular, entretanto estou aberto a discussões sobre o assunto e posso garantir que multiplas interpretações são bem-vindas.

Digo

- Falo ou não digo?
   Digo ou não falo?
- Uma dúvida, mas muitas dívidas?
- Não digo
- Será que é bom amar?
- Não falo
- Será que amas Gandhi?
- Não digo

- Digo ou não falo?
   Falo ou me calo?
- Axiologia é amar?
- Não digo
- Minhas cutículas estão em perigo?
- Não falo
- Minhas verdades tornaram-se acaso?
- Não digo

- Falo ou não digo?
   Digo ou não falo?
  'Penso, logo indigno-me,'
  olho e vejo tráfico...

- Ainda sonhas com Toussaint?
- Não digo
- Cadê o meu passado que não cabe mais em mim?
- Não falo
- O que são "guerrilhas sociais"?
- Não digo
- Tudo depende da liberdade Rauliana?
- Não falo

- Falo ou não digo?
   Digo ou não falo?
- Quem é Jesus?
- Não digo
- Azov é amar?
- Não falo
- E o que é o amor?
- Não digo
- O yoga aspira 'Pagu'?
- Não falo
- Quando o pó assumirá que é tudo?
- Não digo
- E o pó é tudo?
- Não falo
- Tudo é pecado?
- Não digo
- Tens certeza?
- Não seria inútil?
- Talvez...
De: Gairo Paz
Obs.: "Não em excesso"

Por: Goianu

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